Após novo desgaste com a bancada evangélica no Congresso Nacional pela nomeação da nova ministra da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, a presidente Dilma Rousseff reafirmou nesta quarta-feira aos parlamentares religiosos que não pretende encampar, no parlamento, projetos pró-aborto. Menicucci, que foi companheira de cela de Dilma no regime militar, é favorável à interrupção da gestação para além dos casos de estupro ou risco de morte da mãe – únicas opções previstas em lei. Sua posição provocou revolta entre parlamentares religiosos, que chegaram a propor que a nova ministra sequer fosse empossada.
“A presidente Dilma pediu que eu reafirmasse para a bancada que a posição do governo sobre aborto é a posição que ela assumiu já na campanha eleitoral e que está explícito em todo esse processo e que nós, ministros, as posições que sustentamos publicamente não são posições individuais. São posições do governo, e a posição do governo sobre essa questão está absolutamente clara e assim vai continuar”, disse o ministro-chefe da Secretaria-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, após reunião com a bancada evangélica na Câmara dos Deputados.
Em sua posse, na última semana, a ministra Eleonora Menicucci disse que “não se pode aceitar” atualmente que as mulheres ainda tenham “seus direitos reprodutivos e sexuais desatendidos e desrespeitados”. A sucessora da ministra Iriny Lopes, que deixa o governo para disputar a prefeitura de Vitória (ES), afirmou, no entanto, que ao assumir o primeiro escalão do governo federal, irá responder “com toda lealdade, competência e compromisso em consonância com as metas de nosso governo assumidas”.
Na campanha presidencial de 2010, a então candidata Dilma Rousseff se comprometeu a não defender, se eleita, mudanças na legislação que autoriza a interrupção de gravidez.
O próprio Gilberto Carvalho, porta-voz das palavras da presidente aos evangélicos, foi alvo de protestos de deputados e senadores por supostamente ter defendido, durante o Fórum Temático, em Porto Alegre, uma espécie de ofensiva contra setores pentecostais por parte da classe C em programas de televisão. O ministro nega ter ofendido a crença dos parlamentares.
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“Minha fala no Fórum de Porto Alegre foi traduzida de forma equivocada, que deram a interpretação de que o governo se armava para fazer uma guerra de disputa com as igrejas evangélicas. Vim aqui para dizer que isso não é verdade, não temos de maneira nenhuma essa intenção. O governo considera as igrejas evangélicas parceiras muito importantes. Não temos nenhuma intenção e seria uma loucura pensarmos em fazer uma rede para combater as igrejas evangélicas. Quero manifestar aqui publicamente o respeito e o carinho que nós temos e a parceria que nós queremos aprofundar”, disse o ministro.
“O pedido de desculpas que fiz, de perdão, não foi pelas minhas palavras, e sim pelos sentimentos que elas provocaram em alguns deputados e senadores”, afirmou.
*Com informações: Terra
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